Pelo terceiro mês consecutivo, o PIB do agronegócio brasileiro registrou alta. Em março, o avanço foi de 0,94%, segundo cálculos do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, realizados em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). Diante disso, o aumento no acumulado de 2020 é de 3,29%.
Entre os ramos do agronegócio, o PIB cresceu tanto no agrícola quanto no pecuário, ainda com destaque para o pecuário. Segundo cálculos do Cepea/CNA, o ramo agrícola cresceu 0,39% em março e 1,91% no ano (até março) e o pecuário avançou 2,04% no mês e 6,11% no trimestre.
Segundo pesquisadores do Cepea, no caso do ramo pecuário, o bom desempenho reflete o comportamento dos preços, que foi altamente favorável às cadeias pecuárias na comparação entre os primeiros trimestres de 2019 e de 2020. Entre todas as atividades primárias e agroindustriais do ramo, houve queda de preços na comparação trimestral apenas para o leite ao produtor e para os produtos de couro e calçados. O maior preço na pecuária nos primeiros meses de 2020, por sua vez, se deve ao efeito inercial da forte elevação verificada ao longo de 2019, resultado especialmente da aquecida demanda externa pelas carnes bovina e suína, em decorrência da PSA (Peste Suína Africana). Além disso, o mercado também esteve relativamente aquecido no primeiro trimestre de 2020, principalmente devido às exportações.
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Para o ramo agrícola, pesquisadores do Cepea indicam que o principal impulso ao crescimento tem vindo do segmento primário, que subiu 6,43% em 2020. Neste caso, o excelente resultado desse segmento reflete os preços maiores na comparação entre os primeiros trimestres de 2019 e de 2020 e a expectativa de maior produção na safra atual. Quanto aos preços, se destacam com altas importantes na comparação trimestral: café, arroz, milho, soja e trigo, além de alguns hortifrutícolas, como banana e tomate. Para a produção, esperam-se crescimentos para produtos importantes no PIB, como café, soja, milho, algodão e laranja.
Coronavírus
Em março, a pandemia de coronavírus gerou um comportamento altista nos preços de diversos produtos agropecuários. Além do seu impacto via efeito de desvalorização cambial, a possibilidade de isolamento social, naquele momento, causou picos de demanda que impulsionaram os preços do arroz, da banana, do café, da carne de frango e dos ovos, por exemplo.
A partir de abril, os efeitos da covid-19 sobre os preços agropecuários foram mais difusos. Os preços da soja e do trigo foram favorecidos por restrições na Argentina diante da pandemia e os do arroz e do café, por incrementos de demanda para a estocagem. Com cenário oposto, o ambiente de incertezas e a queda na demanda doméstica levaram a reduções para o milho, o algodão, a laranja, suínos, aves e os derivados lácteos. Embora ainda não haja dados, as perspectivas também apontavam para um cenário adverso na produção de alguns setores agroindustriais – principalmente os que não são relacionados diretamente à alimentação, como móveis, têxtil e vestuário, e aqueles que produzem alimentos de maior valor agregado, como alguns laticínios. O efeito líquido da covid-19 sobre o agronegócio em abril poderá ser avaliado no próximo relatório.