O efeito positivo da vinhaça na produtividade da cana ocorre em praticamente todas as variedades, nas mais diversas condições de solo e clima. Em geral, a dose utilizada prevê a quantidade suficiente de fornecimento de potássio que a planta precisa durante o ciclo de crescimento.
“Evidentemente, a vinhaça não é um fertilizante completo, que supre todas as necessidades da cana, de forma que muitos pesquisadores se dedicaram a estudar como, quando e com o que complementar a vinhaça. De certa forma, para as soqueiras é necessária complementação da vinhaça com nitrogênio. É preciso também estar atento aos desequilíbrios entre potássio e magnésio, que podem gerar problemas no acúmulo de sacarose na cana”, alerta Raffaella Rossetto, pesquisadora da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA)/ Programa Cana do Instituto Agronômico (IAC).
Risco de poluição
Altas doses de vinhaça ou o uso de vinhaça com alto teor de potássio podem acarretar atrasos na maturação da planta, redução do teor de sacarose e de fibras e acúmulo de cinzas no caldo, prejudicando a matéria prima, principalmente para a produção de açúcar.
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Em caso de armazenamento ou aplicação incorreta, a vinhaça também pode atingir corpos de água e, em função de seu alto teor de matéria orgânica, reduzir a quantidade de oxigênio na água causando a morte de peixes e tornando a água imprópria para o consumo, alerta Antônio Luiz Lima de Queiroz, assistente executivo da presidência da CETESB.
Raffaella explica que o risco de poluição do lençol freático ocorre se a vinhaça for aplicada em solos muito rasos (menos de 3 m de profundidade), arenosos, onde a drenagem é rápida ou pode ocorrer escorrimento superficial ou erosão.
Benefícios da vinhaça
No estado de São Paulo, a vinhaça é aplicada em solos argilosos, ou de textura média, mais profundos. “Nesses solos, quando se utiliza a dose recomendada pela portaria da CETESB, não existe risco de poluição de lençol freático. Cuidados devem ser tomados em solos arenosos próximos a córregos, rios, ou corpos d´água, e solos com lençol freático superficial”.
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O engenheiro agrônomo Danilo Alfenas Voltarel enfatiza que quanto maior a disponibilidade de áreas factíveis e aplicadas de forma racional, maiores serão os ganhos. A vinhaça, segundo ele, contribui com os atributos químicos do solo, resultando em melhor desenvolvimento da cultura, economia de insumos, óleo diesel, mão de obra e menor pisoteio na lavoura. “Vinhaça é um fertilizante agrícola e deve ser tratado como tal”, ressalta.