Vinhaça é sinônimo de energia

Usina Coopcana
Usina Coopcana

O aproveitamento de resíduos da cana-de-açúcar (vinhaça, torta de filtro e bagaço da palha) na produção de biogás começou a ser estudado pela indústria sucroalcooleira na década de 1980. Na época, porém, os projetos não avançaram por serem economicamente inviáveis.

Novas tecnologias – 100% nacional – desenvolvidas nos últimos 10 anos possibilitaram a geração de energia utilizando a vinhaça como matéria- -prima. Hoje, o Brasil já conta com seis plantas de produção de biogás a partir de resíduos da cana-de-açúcar.

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A primeira foi instalada em 2012, em Tamboara-PR, pela Cooperativa Agrícola Regional de Produtores de Cana (Coopcana), formada por 127 produtores rurais, em parceria com a empresa Geo Energética, especializada na produção de biogás a partir dos resíduos da indústria sucroalcooleira. A usina tem capacidade para gerar 4 megawatts, o suficiente para abastecer uma cidade de 10 mil habitantes.

Projetos em desenvolvimento

Há outros projetos em desenvolvimento com previsão para entrar em operação em 2020: a Usina Bonfim, em Guariba-SP, da empresa Raízen, e a Usina Narandiba, em Presidente Prudente-SP, do Grupo Cocal. Esta segunda, terá capacidade de gerar 67 mil Nm3 de biometano por dia, que serão inseridos na rede de distribuição da empresa GasBrasiliano, sócia no projeto.

O biogás produzido nestas usinas poderá ser utilizado em substituição ao diesel no processamento da cana – 1 tonelada precisa de 4 litros de diesel – e no abastecimento da própria frota. Em Mato Grosso, existe ainda a planta, já em escala comercial, da Usina Adecoagro, desenvolvido pela Methanum Engenharia Ambiental, que utiliza o biogás para geração de energia térmica.

Além de resíduos do setor sucroenergético, a indústria do biogás trabalha com resíduos da agricultura e saneamento. Segundo a Associação Brasileira do Biogás (ABiogás), o setor cresceu 40% ao ano, entre 2010 e 2018. A produção está concentrada no Sul e no Sudeste.

Atualmente, são 419 plantas nas mais variadas escalas. O setor dobrou o número de plantas, em especial devido ao crescimento de pequenos produtores, que correspondem a 60% do número de plantas de biogás no país.

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Produção de biogás

A produção de biogás a partir dos resíduos da indústria sucroenergética ainda é pequena, segundo o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) 2029. No entanto, é a que apresenta o maior potencial – três vezes maior que o da agricultura e oito vezes maior que o do saneamento.

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O PDE é um documento anualmente preparado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), com o apoio e seguindo as diretrizes da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético (SPE/MME) e da Secretaria de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (SPG/MME), e indica as perspectivas da expansão do setor de energia para os próximos dez anos.

As projeções da EPE para 2029 são de 852 milhões de cana processada, o que representa um potencial de produção de biogás de 46 milhões de Nm3/dia, considerando apenas o aproveitamento da vinhaça e da torta de filtro como resíduos.

“Além de ser uma solução para resolver um passivo ambiental, a produção pode influir diretamente na balança comercial. O Brasil importa 22 milhões de Nm3/dia de gás da Bolívia, ou seja, o potencial de geração de biogás do setor sucroenergético (46 milhões Nm3/dia) cobriria em duas vezes o volume importado. O aproveitamento da vinhaça como substrato do biometano reduz em mais de 90% as emissões de gases do efeito estufa liberados pelo resíduo quando descartado no ambiente”, destaca Alessandro Sanches, gerente executivo da Abiogás.

Via Revista Painel

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