Quanto de palha fica no campo depois da colheita de cana-de-açúcar?

Palha da Cana

A palha é um resíduo da colheita de cana-de-açúcar que protege o solo e tem alto potencial gerador de bioenergia. Mas você sabe quanto fica no campo depois da colheita? Para responder essa pergunta e falar mais do assunto nós conversamos com o pesquisador Marcos Landell, do Centro de Cana do Instituto Agronômico.

A resposta depende de muitas variáveis, que vão desde a variedade da cana até a qualidade da colheita.  Ele explica que se a colhedora consegue limpar bem a cana, tirar toda a palha, tirar o ponteiro, o que fica no campo gira em torno de 13 a 14% do peso da cana. Em algumas variedades esse número é menor, perto de 10%, e em outras pode chegar até 20%. Depende da largura da folha, porque a palha na realidade é a bainha mais o limbo foliar, tudo isso é transformado, virando o que é chamado de palha. Mesmo as folhas verdes, quando a colhedora corta e sopra no campo, uma semana depois adquire a cor da palha, pois desidrata. O volume vai depender muito da produtividade. Para uma produtividade média de 80 toneladas, nos muitos cortes, e um resíduo médio de 15% de palha, significa que 12 toneladas de cana ficariam no campo. Se for uma colheita que não limpa muito a palha, uma parte dela vai para a indústria.

Essa palha de cana tem formado pelos canaviais uma ‘cama’ que protege o solo e contribui para um processo chamado de ciclagem de nutrientes, além de reduzir as emissões do gazes do efeito estufa. Alguns especialistas acreditam que é possível retirar parte dessa palha do solo para a produção de bioenergia, pois ela chega a representar um terço do potencial energético da cana, o que é muito.

TMA/DRIA tem a solução para retirada da palha de cana do campo

A operação de retirada da palha do campo tem que ser cuidadosa e criteriosa, para que a ela cumpra as duas funções, a de proteger o solo e a de gerar bioenergia. O Aleirador de Palhas DAL 1700, fabricado pela TMA/DRIA consegue controlar a quantidade de palha a ser retirada do solo. Além de aleirar a palha e deixar pronta para ser enfardada, seus discos têm suspensão independente, que diminuem a quantidade de impureza mineral. O ajuste de bitola hidráulica o torna viável para ser usado em qualquer tipo de canavial. Feito o trabalho de ‘juntar’ a palha, com aleiramento de até 9,2 metros, o trabalho da enfardadora fica facilitado.

Depois dessas duas etapas entra em campo a CAFF (Carreta Acumuladora de Fardos), que é 100% nacional e tem a função de coletar os fardos de palha no talhão de cana, e levar até um ponto de carregamento. Tem capacidade de transportar até 40 fardos por hora, cerca de 20 toneladas. Com tecnologia tropicalizada, a carreta é mais simples e robusta que as importadas. Única no mercado com diversas opções de bitolas.

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Laboratório Nacional de Biorrenováveis
Laboratório Nacional de Biorrenováveis – CNPEM

Uso para a palha de cana: eletricidade

Segundo estudo do Laboratório Nacional de Biorrenováveis (LNBR) o uso da palha da cana-de-açúcar na geração de energia elétrica, juntamente como bagaço e o biogás da vinhaça, tem o potencial de incrementar em até 70% a eletricidade produzida pelo setor sucroenergético. O potencial permitiria passar de 21,5 TWh, que foram exportados para a rede em 2018, para 100 TWh. Isso sem tirar toda a palha do campo, considerando sua importância para o solo, a conta foi feita levando em consideração a retirada de 50% da palha disponível atualmente no campo.

Uso para a palha de cana: etanol de segunda geração E2G

O etanol de segunda geração é gerado a partir dos coprodutos da cana-de-açúcar (caso da palha e do bagaço). Por utilizar os resíduos da cana-de-açúcar, a tecnologia usada na produção desse biocombustível vai permitir incrementar a produção de etanol no Brasil, sem aumentar a área cultivada com cana, pois gera mais combustível a partir da mesma matéria-prima. Suas vantagens têm sido listadas:

Benefícios da palha

Os desafios tecnológicos são muitos para a produção desse biocombustível também chamado de etanol celulósico, pois essa biomassa precisa de um tipo diferente de fermentação para a extração do etanol, a partir de enzimas especiais. As unidades de fabricação do Etanol 2G têm crescido, mas em ritmo lento, por causa dos custos de implantação e das próprias enzimas.

colheita de cana de açúcar

Embrapa desenvolve um Coquetel enzimático que pode impulsionar a indústria brasileira de etanol de segunda geração.

A mistura de enzimas que mostrou alto desempenho para gerar etanol a partir da palha e do bagaço da cana foi desenvolvida em parceria pelos cientistas da Embrapa Agroenergia (DF) e do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC). O chamado coquetel enzimático CMX é uma mistura de enzimas produzidas a partir de três diferentes microrganismos e mostrou alto desempenho para desconstruir a biomassa da planta (palha e bagaço), o que é fundamental para a retirada do açúcar que se transformará em biocombustível.

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Coquetel 100% nacional

Segundo a pesquisadora da Embrapa, Betânia Quirino, o coquetel, com tecnologia 100% nacional, valoriza os recursos genéticos brasileiros e poderá ser produzido no próprio ambiente industrial. A maior parte das enzimas que compõem o coquetel enzimático CMX foi obtida a partir de microrganismos da biodiversidade brasileira, presentes na Coleção de Microrganismos e Microalgas Aplicados à Agroenergia e Biorrefinarias da Embrapa Agroenergia.

Atualmente, o Brasil importa as enzimas celulolíticas, usadas na desconstrução de biomassa lignocelulósica. A descoberta significa viabilizar economicamente a produção de E2G no país, o que pode impulsionar a produção do biocombustível. Além disso, o coquetel enzimático pode ser aplicado em outros setores, como as indústrias de rações e têxtil, e colocar o Brasil no mercado bilionário de produção de enzimas.

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