O protagonismo das mulheres rurais, em especial nos últimos anos, vem ganhando cada vez mais força no campo. As trabalhadoras rurais têm se destacado em diferentes etapas do processo produtivo de alimentos e outras atividades relacionadas à geração de renda e desenvolvimento econômico social no campo.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 15 milhões de mulheres vivem na área rural atualmente, o que representa 47,5% da população residente no campo no Brasil. Conforme dados do Censo Agropecuário do IBGE, quase 20% dos empreendimentos rurais do país são dirigidos por mulheres. Em 2006, o percentual de mulheres rurais empreendedoras era de 12%.
Mulheres mais fortes no campo
Apesar da desigualdade, diversos estudos apontam para uma grande mudança no cenário do trabalho rural: a representatividade da mulher do campo tem ficado cada vez mais forte.
Nas últimas décadas, a mulher conquistou muito espaço em todos os setores da economia, e isso não foi diferente no agronegócio. As mulheres do campo já há alguns anos deixaram de ser as filhas e as esposas dos proprietários de terra para se tornar produtoras, engenheiras, agrônomas e técnicas.
Conforme pesquisa da Associação Brasileira do Agronegócio e Instituto Ipeso, o perfil das mulheres que atuam no agronegócio brasileiro é de alta escolaridade, com cerca de 60% possuindo curso superior e aproximadamente 88% tendo independência financeira. Esses dados mostram claramente que as mulheres vêm tendo muito sucesso em suas funções no campo.
Uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) conseguiu traçar o perfil dessas produtoras e o fundamental papel que têm desempenhado para o setor agrícola do país. .
Local onde atuam
- 49,5% em minifúndios;
- 26,1% em pequenas propriedades;
- 13,5% em médias propriedades;
- 10,9% em grandes propriedades.
Tipo de trabalho
- 73% atuam dentro da fazenda;
- 3,7% trabalham em cooperativas;
- 3,4% no setor de insumos agrícolas;
- 9,3% desempenham funções relacionadas ao fornecimento de serviços e produtos, comércio, governo e outros relacionados a atividades da agroindústria.
Elas participam em praticamente todas as atividades da fazenda, desde a operação de máquinas agrícolas até a administração do negócio. O fato de o trabalho rural ser muito associado à força braçal não é um impedimento para o engajamento dessas trabalhadoras, principalmente por conta das novas tecnologias, que facilitam bastante a vida do agricultor.
Muito trabalho, mas ainda pouco reconhecimento
Como mostram as estatísticas, o protagonismo vem crescendo, porém, apesar de comprovadamente terem uma grande participação do que é produzido na agricultura, na maior parte das vezes, as mulheres ainda não são reconhecidas como produtoras ou donas das propriedades. Ao menos essa é a conclusão da pesquisa recente realizada pela Oxfam Brasil, que determinou que o perfil dos donos das terras brasileiros é majoritariamente masculino.
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A pesquisa revela ainda que a maior parte das mulheres proprietárias possuem terras menores que cinco hectares. Além disso, mesmo quando são produtoras que tocam a propriedade, o registro geralmente está em nome de algum homem da família, como o pai ou um irmão.
Em contrapartida quando se analisa as estatísticas demográficas do país, é fácil notar uma tremenda discrepância, afinal, mais da metade da população brasileira é composta por mulheres. Ou seja, em relação a quantidade, existe uma igualdade de gênero, mas quando diz respeito a representatividade, as mulheres ainda estão bem abaixo, principalmente em relação a funções de gestão do negócio.
Muita coisa ainda precisa ser feita para que os campos do Brasil tenham uma maior igualdade. Numa época em que inúmeros movimentos feministas ganham dimensões pelo globo, ecoando por mais voz, igualdade de direitos, respeito e outras tantas reivindicações, é responsabilidade de todos apoiar a maior inserção das mulheres no mercado de trabalho, pois capacidade e competência, elas têm de sobra.