O Agro do Brasil deverá sair duplamente fortalecido da crise economica causada pelo surto do coronavírus. Primeiro, pela forte demanda de alimentos advinda dos países atingidos pela epidemia, e, segundo, pelas consequencias inflacionárias que deverão atingir a maioria das economias do mundo.
“Como as medidas governamentais de diversos países visam uma grande injeção de dinheiro, isso terá como consequência um maior consumo de alimentos”, explica Eduardo Vanin, que, junto com Marcos Araújo (ambos analistas da Agrinvest, de Curitiba-PR) fez um estudo sobre as perspectivas para o agronegócio causadas pela epidemia. “Com um aumento da demanda por alimentos, também os investidores irão se voltar para as commodities agrícolas, causando uma recuperação nos preços”, diz Vanin.
Marcos Araújo vai além, e alerta: “A curto prazo o cenário parece nebuloso, mas em algum momento a crise irá terminar, e aí entrarão as condições da produção agricola brasileira”. Segundo Marcos Araújo, o milho no Brasil no curto prazo deve seguir descolado de Chicago, já que nos Estados Unidos deve sofer uma redução de consumo de 36 milhões de toneladas de milho.
“Precisamos acompanhar o plantio da safra atual nos Estados Unidos, pois pode haver uma migração do milho para a soja no país”, explicou. Já para o Brasil, as exportações firmes podem acarretar em menor oferta para o mercado interno.
O mesmo pode ocorrer para a soja, que atualmente já possui preço futuro com base de R$ 110. As exportações farão com que haja um aumento da disputa por soja entre os mercados externo e interno. Dessa forma, a médio e longo prazo o cenário é favorável para o agronegócio brasileiro.
Com relação ao cenário econômico, Eduardo Vanin acredita que para o Brasil o risco de inflação é menor, pois o país não possui a mesma capacidade de impressão de dinheiro quando comparado com os Estados Unidos, por exemplo.
“Para voltar a crescer, vamos depender das altas das commodities em consequência desses cenários inflacionários nos mercados externos”, completou Vanin.